Coliving e República Estudantil: Um Novo Olhar sobre a Moradia Compartilhada
- Judith Marini
- 18 de jan.
- 3 min de leitura

A necessidade de moradias acessíveis, sustentáveis e que promovam conexões interpessoais deu origem a uma tendência que vem ganhando espaço ao redor do mundo: o coliving. Paralelamente, o conceito de república estudantil, já conhecido e difundido há décadas, se reinventa e encontra pontos de convergência com essa nova proposta habitacional.
O Surgimento do Coliving
O termo coliving surgiu na Dinamarca nos anos 70, como uma variação do cohousing. O conceito de coliving é uma forma de moradia compartilhada, onde os moradores dividem espaços físicos e ideais. O coliving surgiu a partir de três questões principais: falta de habitação acessível de qualidade, combate à solidão, e criação de um senso comunitário.
O primeiro projeto de cohousing foi o Sættedammen, em 1972, na Dinamarca. A comunidade era composta por 35 famílias que tinham moradias individuais, mas compartilhavam espaços de convivência e atividades. O arquiteto norte-americano Charles Durrett, inspirado no modelo de cohousing, levou o conceito para os Estados Unidos em 1988. Ele fundou a The Cohousing Company, uma organização que valoriza o convívio compartilhado.
O coliving se popularizou no Canadá nos anos 90 e na Europa e Ásia no início dos anos 2000. No Brasil, o coliving chegou por volta de 2013.
O conceito ganhou força nos anos 2010, especialmente em grandes centros urbanos como Londres, Nova York e Berlim. A ideia é oferecer espaços compartilhados que combinem a privacidade de acomodações individuais com áreas comuns projetadas para incentivar a interação e a colaboração entre os moradores. Os empreendimentos de coliving têm atraído principalmente jovens profissionais, nômades digitais e empreendedores que valorizam tanto a flexibilidade quanto o senso de comunidade.
Segundo dados da consultoria JLL, o mercado global de coliving teve um crescimento expressivo nos últimos anos, com previsão de continuação desse ritmo devido à alta demanda por soluções de moradia em ambientes urbanos densos. Além disso, estudos apontam que os millennials e a Geração Z são os principais impulsionadores desse modelo habitacional.
Repúblicas Estudantis no Brasil
As repúblicas estudantis, por sua vez, têm uma história mais longa, especialmente no Brasil. O modelo remonta ao século XIX, com as primeiras organizações desse tipo surgindo em cidades universitárias como Ouro Preto, Minas Gerais. Tradicionalmente, essas repúblicas são associações de estudantes que dividem custos e responsabilidades para viabilizar a permanência em outras cidades durante os estudos.
Nos últimos anos, no entanto, observa-se uma transformação no perfil dessas moradias. O surgimento de startups de hospedagem e o crescimento do setor de aluguel por temporada facilitaram o acesso a modelos mais organizados, que se aproximam do coliving, mas ainda mantêm a essência estudantil.
O Cenário Brasileiro
No Brasil, o coliving ainda está em estágio inicial, mas já apresenta indícios de crescimento. Cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba lideram essa tendência, com empreendimentos voltados para jovens profissionais que buscam locais estratégicos e ambientes integrados. Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), o setor de moradia compartilhada deve movimentar cerca de R$ 2 bilhões até 2030 no país.
Por outro lado, as repúblicas estudantis permanecem populares em cidades universitárias, mas enfrentam desafios com o aumento dos custos de aluguel e a digitalização do mercado de hospedagem. Em resposta, muitas têm adotado soluções tecnológicas e modelos mais colaborativos, aproximando-se da proposta do coliving.
Benefícios e Perspectivas
Tanto o coliving quanto as repúblicas estudantis oferecem soluções para questões contemporâneas de moradia, como a sustentabilidade financeira, a necessidade de socialização e a otimização do uso de espaços urbanos. O futuro aponta para uma convergência entre esses dois modelos, especialmente com a adoção de tecnologias de gestão e o surgimento de novos públicos interessados em morar de forma mais comunitária.
Tanto o coliving quanto as repúblicas estudantis representam respostas às demandas de um mundo em constante transformação. Seja pela busca de conexões humanas ou pela praticidade, essas soluções indicam que o futuro da moradia compartilhada está apenas começando.
repdays. 2025

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